20091017

Impacto à vida animal

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Leite e produtos lácteos

- Impacto à vida animal:

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[foto: USDA]







- Atualmente, a maior parte das vacas leiteiras são mantidas em locais fechados, em baias onde mal podem mover-se, sobre piso de concreto. (01)

- Vacas leiteiras são ordenhadas duas ou até 3 vezes três vezes ao dia e recebem aplicação de hormônios, forçando-as a aumentar sua produção de leite em até 20 vezes mais do que o normal. (02)

- São inseminadas artificialmente para que possam parir e, assim, gerar leite. Os bezerros recém-nascidos são retirados das mães no dia seguinte ao parto, para que o leite seja utilizado como mercadoria. (01)

- Bezerras passam a ser alimentados artificialmente para que se tornem também futuras vacas leiteiras. Já os bezerros são descartados como carne barata e vendidos a matadouros para a produção de vitela. (03)

- Na produção da carne de vitela, para manter a cor branca da carne, o bezerro é alimentado apenas com um preparo líquido, para que fique anêmico; para manter a maciez da carne, os animais são mantidos sem que possam se movimentar, em espaços minúsculos ou mesmo amarrados em ambiente escuro durante 24 horas. (04)

- Algumas semanas após dar a luz, a vaca é novamente inseminada, para que possa parir outra vez e continuar sua alta produção leiteira. Ela vive nesse ciclo de parto e nova inseminação por 4 ou 5 anos, sendo após, descartada para o matadouro. (01)

- Devido à aplicação de hormônios para o aumento da produção de leite, as vacas desenvolvem diversas enfermidades, sendo 16 principais doenças. Estudos mostram, por exemplo, que mais da metade do rebanho apresenta mastite, uma inflamação dolorosa das mamas. (05)

- Vacas leiteiras vivem a rotina constante desta exploração por 4 ou 5 anos e, quando passam a produzir menos, são enviadas ao matadouro e vendidas como carne barata, como hambúrguer ou ração para cães. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 40% dos hambúrgueres são originários de vacas leiteiras. (01)

- Estudos recentes têm comprovado resultados de estudos antigos, que apontam que vacas, assim como outros mamíferos, são emocionalmente semelhantes aos humanos, capazes de sentir emoções fortes como dor, medo, ansiedade e mesmo grande felicidade. São animais inteligentes, com grande capacidade de memória, apresentam necessidade de viver em bando e criam laços de amizade no rebanho.
(06)











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Referências:




01.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.
- Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa, Portugal; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008. - The New York Times; 'Holstein Dairy Cows and the Inefficient Efficiencies of Modern Farming'; 05 de Janeiro de 2004.


02.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.


03.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.
- Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa, Portugal; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008.
- Erik Marcus, escritor de assuntos em Agricultura; 'Meat Market: Animals, Ethics & Money'; Bio Press; 2005.

04.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.
- Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa, Portugal; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008.
- Erik Marcus, escritor de assuntos em Agricultura; 'Meat Market: Animals, Ethics & Money'; Bio Press; 2005.
- 'A Carne É Fraca', documentário; Instituto Nina Rosa; São Paulo; 2005.

05.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.
- Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa, Portugal; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008.
- Silvia Ribeiro, jornalista, pesquisadora de temas sociais e coordenadora de programas do ETC Group, entidade ambiental;
'Mala Leche'; La Jornada; 13 de octubre de 2007.

06.

- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; edição revisada; Ed. Lugano; 2004.
- Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Ed. Lugano; 2006.
- Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos, e Jim Mason, advogado; 'A Ética na Alimentação - Como Nossos Hábitos Alimentares Influenciam o Meio Ambiente e o Nosso Bem-estar'; Ed. Elsevier, 2007.
- The Sunday Times; 'The Secret Life of Moody Cows'; 27 de fevereiro de 2005.





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Assista o vídeo-documentário "Behind The Milk Mustache":

http://www.youtube.com/watch?v=S4ziDNDf9gI&feature=related


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Citações de obras e profissionais:



A vaca leiteira, antes vista pacífica, até mesmo idilicamente andando pelas campinas, é agora uma máquina de leite de fina sintonia, cuidadosamente monitorada. A cena bucólica da vaca leiteira brincando com seu bezerro no pasto não faz parte da produção leiteira comercial. [...]
[vacas leiteiras] são mantidas em baias individuais com espaço suficiente apenas para levantar e deitar. Seu ambiente é completamente controlado: são alimentadas com quantidades calculadas de ração, a temperatura é ajustada para maximizar a produção de leite e a iluminação é regulada artificialmente. [...]
Ela é ordenada duas vezes por dia, às vezes três, durante dez meses. Após o terceiro mês, ela será emprenhada novamente. Será ordenhada até cerca de seis a oito semanas antes que o próximo bezerro esteja pronto, e então, novamente, assim que o bezerro lhe é retirado. Em geral, esse ciclo intenso de prenhez e hiperlactação pode durar apenas cerca de cinco anos. Depois disso, a vaca "gasta" é enviada para o abate, onde vira hambúrguer ou ração para cães.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 155)


O hormônio de crescimento bovino (conhecido na Europa como somatotropina ou BST) está sendo estudado como uma maneira de aumentar drasticamente a produção de leite. As vacas que recebem injeções diárias do hormônio produzem cerca de 20 por cento a mais de leite. Mas, além das feridas que provavelmente se desenvolvem por causa das injeções diárias, o organismo das vacas terá de trabalhar ainda mais; elas precisarão de uma dieta ainda mais rica e é de se esperar que sofrerão ainda de mais doenças do que as que já afetam, em grande número, as vacas leiteiras. David Kronfeld, professor de nutrição e chefe do departamento de medicina dos grandes animais da Faculdade de Veterinária da Universidade de Pensilvânia, disse que, numa experiência, mais da metade das vacas que receberam BST foram tratadas de mastite (uma dolorosa inflamação na glândula mamária)...
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 156)


Pelo menos a metade do gado leiteiro dos Estados Unidos é criada permanentemente dentro de instalações, quase sempre sobre o concreto, um tipo ao qual esses animais não se adaptam anatomicamente. Uma conseqüência é que a maioria deles sente dor para levantar-se e para permanecer de pé. Uma grande porcentagem do gado que não é criado dentro das instalações fica nos "terrenos secos", que são recintos cercados e sem qualquer atrativo, sem um fio de capim para pastar, nem uma cama de palha para deitar-se.
(Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Editora Lugano; 2006; p.116)


Em média, as vacas leiteiras ficam prenhes uma vez por ano durante três ou quatro anos, depois dos quais muitas são vendidas para serem transformadas em produtos de carne baratos (quarenta por cento dos hambúrgueres vendidos nos mercados e restaurantes vêm da carne de vacas leiteiras descartadas).
(Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Editora Lugano; 2006; p.117)


O leite e os produtos derivados do leite, como o queijo, levantam questões diferentes. [...] a produção de laticínios pode ser angustiante para as vacas e os bezerros de várias formas: a necessidade de fazer a vaca emprenhar e a subsequente separação da vaca e do bezerro; o crescente grau de confinamento em muitas granjas e fazendas; os problemas de saúde e de estresse provocados pela alimentação da vaca com uma dieta demasiadamente rica; sua criação com vistas a produzir cada vez mais leite e, agora, a perspectiva de mais estresse por causa das injeções diárias de hormônios de crescimento bovino.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 199)


As vacas que vivem em lugares muito quentes e secos são geralmente mantidas em confinamento, pois não há grama que as possa alimentar convenientemente. Nesse caso, elas são alimentadas mecanicamente por aparelhos que despejam ração e servem água. Não há para o animal qualquer chance de escolher o que vai comer. Quando confinadas em galpões, geralmente estes recebem um número muito maior do que o conveniente para garantir o bem-estar físico do animal e permitir que forme seu grupo social ou estabeleça a hierarquia social necessária ao seu bem-estar emocional. As vacas são presas por uma coleira e assim mantidas, com as cabeças próximas ao comedouro. Elas não têm liberdade de mover-se, trocar de lugar, escolher o melhor ângulo para receber a comida.
(Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008; Sentiens; )


Não há nenhuma diferença significativa entre carne e laticínio (ou outros produtos de origem animal). Os animais explorados na indústria de laticínios têm a vida mais longa do que os que são usados por sua carne, mas são mais maltratados durante aquela vida e terminam no mesmo matadouro, depois do quê consumimos sua carne do mesmo jeito. Há provavelmente mais sofrimento num copo de leite, ou num sorvete, do que num bife.
(Gary L. Francione, professor de Direito e Filosofia; entrevista concedida à revista The Vegan, da Vegan Society; 2007; citado em: ‘Entrevista Gary Francione: Por Que O Veganismo É Sua Base Moral’; Associação Gato Negro; )


Não é possível, na prática, criar animais para gerar comida, em larga escala, sem infligir considerável sofrimento. Mesmo que não sejam utilizados métodos intensivos, a criação tradicional envolve castração, separação da mãe e do filhote, divisão de grupos sociais, marcação, transporte para o abatedouro e, finalmente, o próprio abate.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 181)


Ao contrário do que os ovo-lacto-vegetarianos pensam, comer produtos derivados do leite e comer ovos adquiridos da rede de comércio de alimentos implica em torturar e matar animais, e em número maior do que geralmente se supõe.
(Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008; Sentiens; )


Os produtores precisam garantir que as vacas leiteiras engravidem todos os anos a fim de produzirem leite continuamente. Seus filhotes são levados ao nascer, uma experiência dolorosa para a mãe e aterrorizante para o bezerro. A mãe muitas vezes torna seus sentimentos visíveis chamando e mugindo constantemente durante dias depois que sua cria lhe é tirada. Algumas bezerras são criadas com substitutos de leite para serem também vacas leiteiras quando atingirem a idade, por volta dos dois anos, em que podem produzir leite. Outros bezerros são vendidos para os produtores de vitela, que também dependem da indústria de laticínios para a dieta de leite com que alimentam os bezerros para mantê-los anêmicos.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 154)


...o trauma causado por essas separações [da mãe e do filhote] é uma razão pela qual algumas vacas acabam sendo mandadas para o matadouro mais cedo. Na maior parte dos casos, as vacas são levadas para o abate, ou porque ficaram doentes, ou porque a quantidade de leite caiu abaixo dos níveis tolerados pela margem de lucro dos produtores. Mas, em pelo menos 1% dos casos, as vacas são mortas por perderem sua doce disposição psicológica, por tornarem-se perigosas. Quando levadas para a ordenha mecânica, algumas dão coices nos trabalhadores que operam as máquinas de tirar leite. Uma vaca leiteira pode pesar meia tonelada, e seu coice pode ser mortal. As vacas que repetidamente tentam escoicear os trabalhadores são enviadas para a morte, pois são perigosas, não importando quanto leite produzem.
(Erik Marcus, escritor de assuntos em Agricultura; 'Meat Market: Animals, Ethics & Money'; Bio Press; 2005; p. 36)


O tempo médio de vida de uma vaca, escrevem Singer e Mason, pode ser de até 20 anos, mas as destinadas a produzir leite vivem apenas de 5 a 7 anos. Elas são abatidas quando cai a produção do leite. Cada vez que dão à luz, passam pela mesma agonia de terem seus filhos levados embora nos três primeiros dias de vida. A mãe fareja os resíduos de sangue e placenta que lambeu do filhote, e muge por dias ou mesmo semanas. Muitas sofrem este luto a ponto de entrarem em depressão.
(Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008; Sentiens; )


Vitela é a carne de um jovem bezerro. [...]
O piso é ripado, afastado do chão de concreto do galpão. Os bezerros são presos por uma corrente em volta do pescoço para impedir que se virem na baia quando são pequenos. A corrente é retirada quando ficam grandes demais para se virar numa baia tão estreita. A baia não tem palha, nem outra cama qualquer, uma vez que os bezerros poderiam comê-la, estragando a palidez de sua carne. Saem da baia apenas quando são levados para o abate. São alimentados com uma dieta totalmente líquida, composta de leite em pó desnatado enriquecido com vitaminas, minerais e promotores de crescimento. Assim os bezerros vivem nas dezesseis semanas seguintes. [...]
As baias estreitas e o piso ripado são fonte de grande desconforto para os bezerros. Quando se tornam maiores, nem mesmo podem levantar e deitar sem dificuldade. [...]
O piso ripado sem nenhum tipo de cama é duro e desconfortável; maltrata os joelhos dos bezerros quando deitam e levantam. Além disso, animais com cascos sentem desconforto em pisos ripados. [...] Os jovens bezerros sentem dolorosamente a falta da mãe. Também acham falta de algo para mamar. A urgência de mamar é tão forte no bezerro filhote quanto no bebê humano. [...]
Para reduzir o desassossego de seus bezerros entediados, muitos produtores deixam os animais no escuro o tempo todo, exceto quando são alimentados. [...]
Como vimos, a indústria da vitela é um subproduto da indústria de laticínios.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 146-149, 153, 154)


A observação científica independente confirmou o que as pessoas que têm o mínimo de bom senso já sabem. Bezerros criados para vitela sofrem física e psicologicamente. Sofrem fisicamente porque, na sua maioria, enfrentam a dor e o desconforto causados por joelhos inchados, problemas digestivos e diarréia crônica. Sofrem psicologicamente porque suas vidas de confinamento solitário são caracterizadas pela privação mais abjeta. Nunca lhes é dada a oportunidade de mamar e pastar, de esticar as pernas, de respirar ar fresco e aproveitar a luz do sol, que eles apreciam por natureza.
Em uma palavra, aos bezerros criados nas baias para produção de vitela é negado simplesmente tudo que responda à sua natureza.
(Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Editora Lugano; 2006; p. 109)


Os bezerros, na indústria do leite, são amamentados apenas por dois dias, enquanto o leite é colostro. A finalidade para a qual nascem não é para que possam gozar suas vidas, mas causar o disparo hormonal no organismo de suas mães, que as leva à produção de leite. Nascidos, os bezerros que sobrevivem ao desmame no segundo dia de vida, quando acaba o colostro, ou são abatidos, ou enviados para a indústria da vitela, que os manterá num caixote sem luz solar, sem espaço para que possam pular, mover-se ou prover-se, e sem alimentação nutritiva, pois o objetivo é que sua carne fique pálida e macia, ao gosto dos comedores humanos.
Por isso, quem toma leite, come iogurte e queijo deve ter em mente a morte das vacas por exaustão, o abate delas quando não são mais eficientes na produção de leite, e a morte de todos os seus filhos, seja por fraqueza, seja após sua sobrevida nos caixotes escuros da indústria de vitela. Afirmar, portanto, que consumir leite não implica em “matar” ou “torturar” animais é uma impropriedade. Implica, sim. Se queremos ser éticos em nossa dieta, é preciso conhecer a realidade da produção de leite.
(Sônia T. Felipe, doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, com pós-doutorado em Bioética e integrante do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em Lisboa; palestra proferida no Encontro Temático da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB); Brasília, 17 de agosto de 2008; Sentiens; )


O açougueiro disse que é patético ver como um bezerro desorientado, recentemente arrancado do lado de sua mãe, chupa os dedos do açougueiro esperando encontrar leite e encontra o suco azedo da crueldade humana.
(Charles Patterson; 'Eternal Treblinka: Our Treatment of Animals and the Holocaust'; Lantern Books; 2002; citado em 'De Madres y Recién Nacidos: Todos Somos Iguales'; El Mercurio Digital; 28 de fevereiro de 2009; )


A carne de vitela é branca porque os bezerros ficam anêmicos. Eles mal conseguem ficar de pé para ir para o abate.
(Nina Rosa Jacob, fundadora do Instituto Nina Rosa, entidade ambientalista; 'A Carne É Fraca'; Instituto Nina Rosa; 2005)


[produção de vitela:] carne muito branca e macia de bezerros mantidos em jaulas superapertadas para evitar que se movimentem. Para acentuar a brancura da carne, os criadores não permitem que o bezerro coma grama ou grãos, só leite - a dieta tem que ser pobre em ferro e em outros nutrientes, forçando uma anemia no animal. Com isso, torna-se necessário o consumo de antibióticos, para diminuir o risco de infecções do animal desnutrido. “A vitela deveria ser proibida no mundo inteiro”, afirma o agrônomo e etólogo Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, especialista em técnicas de manejo da Universidade Federal de Santa Catarina.
(Super Interessante; 'Deveríamos Parar De Comer Carne?'; Editora Abril; abril de 2002; p. 48)


Vacas... são capazes de sentir emoções fortes como dor, medo e até ansiedade -preocupam-se com o futuro. [...] podem mesmo sentir grande felicidade.
As descobertas resultaram de estudos em animais de granjas, e descobriram características similares em porcos, cabras, galinhas e outros animais domésticos. Sugerem que estes animais poderão ser de tal forma emocionalmente semelhantes aos humanos que as leis de bem-estar animal deverão ser reformuladas.
Christine Nicol, professora de bem-estar animal na Universidade de Bristol, disse que até mesmo as galinhas devem ser tratadas como indivíduos com necessidades e problemas.
(The Sunday Times; 'The Secret Life of Moody Cows'; 27 de fevereiro de 2005; )


A única coisa que distingue o bebê do animal, aos olhos dos que alegam ter ele “direito à vida”, é ele ser, biologicamente, um membro da espécie Homo sapiens, ao passo que os chimpanzés, os cães, os porcos não o são. Mas, usar essa diferença como base para conceder direito à vida ao bebê e não a outros animais é, naturalmente, puro especismo. É exatamente esse tipo de diferença arbitrária que o racista mais grosseiro e declarado usa, na tentativa de justificar a discriminação racial.
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 21)


O que a maioria dos americanos não percebe é que quase toda vaca leiteria se torna um hambúrguer ou uma variedade mais barata de bife quando finalmente sua produtividade reduz. [As vacas da raça] Holstein freqüentemente são enviadas ao abate quando têm entre 5 e 6 anos de idade. Sabendo que uma Holstein dá o seu primeiro leite aproximadamente aos 2 anos de idade, isso significa uma vida produtiva na fazenda de leite de cerca de três anos. Neste curto período de vida, tudo é feito para maximizar rendimentos, inclusive o uso regular de antibióticos e a alimentação de concentrados de alta-proteína, que contêm carne e sangue moídos de outras Holstein... [...]
Alguns rebanhos, especialmente no Oeste e Sudoeste, com milhares de animais, passam metade do tempo vivendo em celeiros de cimento onde são ordenhados automaticamente, em alguns casos em plataformas giratórias enormes que mais se parecem com algo saído de ficção científica. [...]
Como sempre, as metas de agricultura industrial criam uma lógica perversa. Em vez de adaptar o sistema agrícola para beneficiar o animal, nós tentamos adaptar o animal para beneficiar o sistema em uso e dele extrair o máximo rendimento.
(The New York Times; 'Holstein Dairy Cows and the Inefficient Efficiencies of Modern Farming'; 05 de Janeiro de 2004; )


...porcos, galinhas, gado e outros animais criados para consumo humano... transformaram-se em inúmeras máquinas biológicas.
Não é difícil achar as razões por trás da proliferação das granjas industriais. O lucro, auxiliado pelos subsídios do governo e sua política de preços, move a indústria. Afinal de contas, a produção animal é um negócio, e tem o objetivo de maximizar o retorno financeiro, minimizando o investimento.
(Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Editora Lugano; 2006; p. 110)


Segundo o doutor Michael Hansen, assessor da União de Consumidores dos Estados Unidos, que analisou e compilou estes estudos, as vacas que recebem esta injeção [de hormônio transgênico de crescimento bovino chamado rBGH, também chamado Somato-Tropina Bovina ou BST] têm um aumento significativo da ordem de 16 enfermidades, incluindo mastite e problemas de gestação. As vacas sofrem muitíssimo e, além disso, o leite contém restos de antibióticos, pus e sangue, pelas contínuas doenças e tratamento a que são submetidas. Isto gera uma maior resistência a antibióticos nas pessoas que consomem este leite e seus derivados, o que desde antes já era um grave problema de saúde pública.
(Silvia Ribeiro, jornalista e coordenadora de programas do ETC Group, entidade ambiental; 'Leite Ruim'; Brasil de Fato; 17 de outubro de 2007; )


Confinamento de vitelos (sistema europeu):
Uma técnica muito usada na Europa (Suíça, Alemanha, Dinamarca) é efetuar o confinamento em área fechada completamente, onde quase não há claridade, obrigando o animal a dormir o maior tempo possível, obtendo-se assim uma engorda mais rápida e intensa. [...] A construção pode ser rústica, aproveitamento de olaria, cerâmica granja ou mesmo estábulo parado. [...] O piso poderá ser feito sobre galerias, sendo de vigas de concreto de 0,10 x 0,10 x 0,10 separadas entre si pela distância de 5 cm, para passagem do esterco e urina, que será retirado posteriormente. Não sendo isso possível poderá ser de cimento rústico...
Confinamento econômico:
É feito usando o sistema idêntico ao dos estábulos leiteiros, isto é, os bois com correntes no pescoço, ficam presos ao cocho, através de um gancho, que permite comer, beber, deitar e levantar-se pois, ficarão presos durante 105 ou 120 dias. [...] a parte onde ficam os animais deverá ser cimentada, podendo ou não ser coberta com sapé, ripado de bambu ou ripas, telhas ou chapas de cimento amianto.
(Paulo Mario Bacariça Vasconcellos, técnico agrícola; 'Guia Prático para o Fazendeiro'; Editora Nobel; 16ª edição; p. 101, 102)


Os que lucram com a exploração de grande número de animais não precisam de nossa aprovação. Precisam do nosso dinheiro. A compra dos corpos dos animais que criam é o principal apoio que os granjeiros pedem ao público (o outro, em muitos países, são os altos subsídios do governo). Eles utilizarão métodos intensivos, desde que consigam vender o que produzem mediante a utilização desses métodos...
(Peter Singer, professor de Bioética na Universidade de Princeton, Estados Unidos; 'Libertação Animal'; Editora Lugano; 2004; p. 183)


Quando se trata da questão ética de transformar animais em comida... temos a obrigação de parar de comer corpos de animais (“carne”), assim como temos a obrigação de parar de comer “produtos animais”, como leite, queijo e ovos. A produção animal comercial não é possível sem a violação dos direitos dos animais criados em granjas, incluindo a violação do seu direito à vida.
(Tom Regan, professor de Filosofia na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos; 'Jaulas Vazias'; Editora Lugano; 2006; p. 126)






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Pesquisa:


Equipe de Redação ONCA Brazil


2009



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